Um livro que relata vivências de uma formação inédita promovida pelo ISER, que reuniu 27 pessoas negras evangélicas e de terreiros em um percurso de quatro meses, foi lançado em 2 de dezembro de 2025, em evento especial no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na cidade do Rio de Janeiro. A formação é a iniciativa Axé-Amém, coordenada pela historiadora candomblecista Carolina Rocha (Dandara Suburbana) e pelo pastor e teólogo Ronilso Pacheco, com colaboração do filósofo candomblecista Obalerá e da pastora e pedagoga Fabíola Oliveira. O livro é o Axé-Amém – Encruzilhadas da Fé Negra no Brasil, organizado por Carolina Rocha, com a coordenação editorial de Lucas Bártolo. 

A obra reúne um conjunto de 37 textos com registros do que o processo de formação e a interação que ele proporcionou significou para participantes. Os capítulos expressam a pluralidade das espiritualidades negras no Brasil e suas múltiplas formas de viver, resistir e reinventar caminhos, e oferecem reflexões sobre fé, racismo religioso, memória, território, afeto e cooperação política.

Axé-Amém

Os encontros de formação contaram com a mediação de referências das espiritualidades e pesquisas negras, como Iya Wanda de Omolu, Babá Adailton Moreira, Fezinha, Andressa Oliveira, Pastor Júlio Oliveira, Brian Kibuuka, Arthur José e Rodrigo Peniche.

A metodologia adotada partiu da ideia de encruzilhada, compreendida não como conflito ou oposição, mas como espaço de confluência entre diferenças, trânsito entre saberes e abertura para o diálogo. Durante quatro meses, 27 pessoas negras compartilharam suas vivências, memórias e experiências espirituais, elaborando coletivamente narrativas que afirmam a complexidade da fé negra no Brasil.

Os textos reunidos em Axé-Amém  – Encruzilhadas da Fé Negra no Brasil abordam temas como dupla pertença religiosa, memórias familiares, racismo religioso, formação política, afeto comunitário, disputas de narrativa e práticas de resistência espiritual. São escrevivências que tensionam fronteiras, questionam estigmas e afirmam a religiosidade/espiritualidade como possibilidade de transformação, afirmação e reinvenção social. 

Mais do que registrar relatos, o livro aponta para possibilidades reais de diálogo e cooperação entre evangélicos e povos de matriz africana — dois campos religiosos frequentemente representados como antagônicos, mas que compartilham histórias de resistência da população negra no Brasil.

A publicação integra os esforços do ISER em fortalecer iniciativas de enfrentamento ao racismo religioso, ampliar o repertório de práticas inter-religiosas e fomentar ambientes de diálogo, escuta, articulação política e produção de conhecimento científico e comunitário.

O livro Axé-Amém  – Encruzilhadas da Fé Negra no Brasil pode ser baixado em PDF gratuitamente.

Uma resenha do livro pela antropóloga e coordenadora acadêmica do ISER Regina Novaes pode ser acessada aqui.